Marcus Vinicius Mazzari
Maria Valeska Rocha da
Silva
Massimo Pinna
Mona Lisa Bezerra
Teixeira
Paulo Caldas Neto
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Thayane de Araújo
Morais
Terezinha Marta de
Paula Peres
Valeska Limeira Azevedo
Gomes
Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de
Medeiros Jr
Arandi Robson Martins
Câmara
Bethânia Lima Silva
Daniel de Hollanda
Cavalcanti Piñeiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares
dos Santos
Francisco Roberto
Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças
Oliveira
Joana Leopoldina de
Melo Oliveira
Juliana Fernandes
Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra
Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias
Ribeiro
Marcos Falchero
Falleiros
Marcus Vinicius
Mazzari [21-12-2013]
Edição: Martins, 1971,
Vol. 2:
da p. 24:
“Paralelamente, altera-se o conceito de natureza; em vez de ser, como para os
neoclássicos, um princípio” [...]
até a p. 26:
[...]”A Nebulosa, em pleno século XIX, já parece erro de visão, parecendo um
retardatário.”
Nas suas Confessions,
escritas entre 1765 e 1770, Rousseau fala no Livro VIII no propósito de romper
bruscamente com todas as “máximas de meu século” (rompre brusquement en visière
aux maximes de mon siècle). Embora não citadas por Antonio Candido ao estudar o
advento do romantismo no panorama literário europeu, essas palavras de Rousseau
ajudariam a elucidar a atitude de contestação e negação que o crítico
brasileiro atribui ao movimento romântico em sua totalidade.
Nesse sentido, o
romantismo teria retomado uma tendência que já se verificara no arcadismo, mas
aprofundando e intensificando a níveis extremos o gesto de resistência aos
valores e princípios constituídos, uma vez que “revoca tudo a novo juízo”,
promovendo inversões e buscando constantemente o “único”, o elemento
irredutivelmente individualizado que se substitui então ao “perene” que
constituíra outrora a aspiração dos árcades.
Individualismo e
relativismo convertem-se, nesse processo, na base de todas as atitudes
românticas, que se opõem abertamente e em todas as instâncias às tendências
racionalistas para o geral e absoluto.
As concepções
românticas acarretam igualmente profundas transformações no relacionamento
humano com a Natureza, que deixa de ser um “princípio” envolto em equilíbrio e
classicidade e se torna uma potência inapreensível, incomensurável, perante a
qual o ser humano se posta numa solidão sem paralelos em épocas anteriores. Nas
manifestações literárias contemporâneas A. Candido vê se reforçarem cada vez
mais o senso de isolamento do homem e a tendência para os arroubos individuais
e mesmo para o desespero. (Referências ao movimento “Tempestade e Ímpeto”, que
prepara o romantismo na Alemanha, seriam aqui plenamente cabíveis.)
Ainda quanto à visão da
natureza, uma constatação muito importante nesse subcapítulo diz respeito à
“magia romântica”, que teria desalojado inteiramente o “encanto” árcade – essa
formulação repercute cinco páginas adiante, quando se fala da “magia” com que
poetas associados ao romantismo envolvem a lua, “que deixa de ser a metáfora
unívoca, a divindade imutável de todos os momentos, para se tornar uma
realidade nova a cada experiência, soldando-se ao estado emocional do poeta”.
No bojo do movimento
romântico, a poesia passa a concentrar-se com crescente intensidade na
“pesquisa lírica”, o que pode ser observado na linha que leva de Cláudio Manuel
da Costa a Gonçalves Dias e, sobretudo, Álvares de Azevedo e Casimiro de Abreu.
(Para Candido, nessa evolução residiria uma das raízes da expressão lírica de
alguns modernos, como o Mário de Andrade dos Poemas da Negra ou o Manuel
Bandeira da Estrela da Manhã, em seus “balbucios quase impalpáveis”.)
Contudo, o fruto mais
relevante desse desenvolvimento teria sido a consolidação do gênero “romance”
no Brasil, um dos mais genuínos produtos do Romantismo. Valeria observar que na
própria literatura francesa, o romance, isto é, o moderno realismo de Stendhal
e Balzac surge, no ano de 1830, como tributário do Romantismo, conforme as
explanações de Auerbach no antepenúltimo capítulo de seu Mimesis (“Na mansão de
la Mole”). No Brasil, todavia, esse novo gênero parece ter uma força de atração
ainda maior, pois passa a sugar para sua esfera quase todas as manifestações
literárias, seja o conto fantástico (A Noite na Taverna), a reconstituição
histórica (As Minas de Prata), a descrição dos costumes (Memórias de um
Sargento de Milícias). Nesse novo contexto, o surgimento de uma obra como A
Nebulosa, o longo poema publicado em 1857 por Joaquim Manuel de Macedo,
revela-se, na visão de Antonio Candido, como um fenômeno defasado e até mesmo
obsoleto. De qualquer modo, a tendência que irá de fato prevalecer em nossa
jovem literatura está associada à prosa de ficção, mais particularmente ao
romance de costumes e ao romance regional, o que leva a um extraordinário
enriquecimento do panorama romântico brasileiro, com desdobramentos que
perduram até os dias de hoje.
Nenhum comentário:
Postar um comentário