segunda-feira, 22 de abril de 2013




Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti




Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Mona Lisa Bezerra Teixeira
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Thayane de Araújo Morais
Terezinha Marta de Paula Peres
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Arandi Robson Martins Câmara 
Bethânia Lima Silva
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos






Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti  [20-4-2013]


Edição: Martins, 1971:
da     p. 294:      “Esse individualismo é nítido na sua própria concepção da vida  
                                                                                                                         religiosa” [...]
até a p. 296:       [...] “contra a qual não podem prevalecer as mais fortes prevenções’
                                                                 (“Sermão da Fundação da Ordem do Cruzeiro”).”


O trecho de FLB  escolhido para leitura corresponde à parte das páginas dedicadas por Antonio Candido a Frei Francisco do Monte Alverne, e por sua vez parte do capítulo Resquícios e prenúncios, cujo objeto são os pré-românticos.


O autor de FLB segue uma trilha, indicada por Gonçalves de Magalhães, contemporâneo do orador franciscano, que aponta o autor de tantos sermões e panegíricos como precursor de atitudes mentais românticas; estas, por sua vez, moldadas pela obra e pela imagem que Chateaubriand difundiu de si mesmo no ocidente: o gênio ou o eu tomado pela flama da genialidade se alça a guia dos povos e das massas. Patriótico, construtivo e ordeiro, trata-se de um romantismo benquisto e muito distante do desregramento de Nerval – e ainda assim, romantismo, pois do mesmo modo assegura à expressão do indivíduo o centro do mundo.


A partir da análise filológica de trechos, Monte Alverne é apresentado na FLB como um talentoso homem de letras que moldou um cristianismo de feição heroica, fundamentado na experiência pessoal passível de generalizar-se por graça do fenômeno do contágio. Assim, seria vinculada a uma corrente de motivações seculares a concepção de religião, ou religiosidade, de Monte Alverne: "... um conceito bastante romântico de religião, como harmonia, mistério, exaltação, - acrescentando à devoção um elemento mais flexível e gratuito, quase uma atitude estética".


Lendo um trecho como esse, o estudioso de literatura de coração formado pelo materialismo parece não ter onde fincar o pé. O jeito é ter em mente que Antonio Candido está interessado em colocar ordem nas ideias. A concepção de mundo católica combinou-se de muitos modos com formas literárias e artísticas ao longo dos vinte últimos séculos – para mencionar exemplos próximos, Pier Paolo Pasolini e Murilo Mendes expressaram aquela concepção via formas modernistas de poesia e do universo fílmico lapidado pelo Neorrealismo italiano. E certamente, mesmo que haja muitos pontos de confluência, ambos não se identificam plenamente, assim como não se identificam em tudo com outros artistas portadores da visão cristã, como Dante. É a análise filológica, à maneira de Spitzer, ou das imagens, à Panofski, que dá a última palavra sobre essas identidades, confluências e diferenças – portanto, um método materialista de lidar com a presença ou ausência de Deus no universo literário. A cosmovisão do artista pode ou não incluir o dado metafísico, o método do crítico e do historiador, sob pena de fazer o concreto sensível dissolver-se no inefável, necessita ater-se à forma, ao contexto histórico e aos mil desdobramentos de ambos. É essa distinção que permite Antonio Candido fazer vínculos ousados, como a visão do mundo de Monte Alverne e a expressa na literatura medieval denominada de cavalaria.

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