Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Mona Lisa Bezerra Teixeira
Peterson Martins
Peterson Martins
Rosanne
Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Thayane de Araújo Morais
Terezinha Marta de Paula Peres
Valeska Limeira Azevedo Gomes
Afonso Henrique Fávero
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Bethânia Lima Silva
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Francisco Roberto Papaterra Limongi
Mariutti [20-4-2013]
Edição: Martins, 1971:
da p.
294: “Esse individualismo é nítido na sua própria
concepção da vida
religiosa” [...]
até a p.
296: [...] “contra a qual não podem
prevalecer as mais fortes prevenções’
(“Sermão da Fundação da Ordem do Cruzeiro”).”
O
trecho de FLB escolhido para leitura
corresponde à parte das páginas dedicadas por Antonio Candido a Frei Francisco
do Monte Alverne, e por sua vez parte do capítulo Resquícios e prenúncios, cujo objeto são os pré-românticos.
O autor
de FLB segue uma trilha, indicada por Gonçalves de Magalhães, contemporâneo do
orador franciscano, que aponta o autor de tantos sermões e panegíricos como
precursor de atitudes mentais românticas; estas, por sua vez, moldadas pela
obra e pela imagem que Chateaubriand difundiu de si mesmo no ocidente: o gênio
ou o eu tomado pela flama da genialidade se alça a guia dos povos e das massas.
Patriótico, construtivo e ordeiro, trata-se de um romantismo benquisto e muito
distante do desregramento de Nerval – e ainda assim, romantismo, pois do mesmo
modo assegura à expressão do indivíduo o centro do mundo.
A
partir da análise filológica de trechos, Monte Alverne é apresentado na FLB
como um talentoso homem de letras que moldou um cristianismo de feição heroica,
fundamentado na experiência pessoal passível de generalizar-se por graça do
fenômeno do contágio. Assim, seria vinculada a uma corrente de motivações
seculares a concepção de religião, ou religiosidade, de Monte Alverne: "...
um conceito bastante romântico de religião, como harmonia, mistério, exaltação, - acrescentando à devoção um
elemento mais flexível e gratuito, quase uma atitude estética".
Lendo
um trecho como esse, o estudioso de literatura de coração formado pelo
materialismo parece não ter onde fincar o pé. O jeito é ter em mente que
Antonio Candido está interessado em colocar ordem nas ideias. A concepção de
mundo católica combinou-se de muitos modos com formas literárias e artísticas
ao longo dos vinte últimos séculos – para mencionar exemplos próximos, Pier
Paolo Pasolini e Murilo Mendes expressaram aquela concepção via formas
modernistas de poesia e do universo fílmico lapidado pelo Neorrealismo
italiano. E certamente, mesmo que haja muitos pontos de confluência, ambos não
se identificam plenamente, assim como não se identificam em tudo com outros
artistas portadores da visão cristã, como Dante. É a análise filológica, à maneira
de Spitzer, ou das imagens, à Panofski, que dá a última palavra sobre essas
identidades, confluências e diferenças – portanto, um método materialista de
lidar com a presença ou ausência de Deus no universo literário. A cosmovisão do
artista pode ou não incluir o dado metafísico, o método do crítico e do
historiador, sob pena de fazer o concreto sensível dissolver-se no inefável,
necessita ater-se à forma, ao contexto histórico e aos mil desdobramentos de
ambos. É essa distinção que permite Antonio Candido fazer vínculos ousados,
como a visão do mundo de Monte Alverne e a expressa na literatura medieval
denominada de cavalaria.
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