sábado, 23 de março de 2013



Eldio Pinto da Silva




Elizabete Maria Álvares dos Santos
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Mona Lisa Bezerra Teixeira
Peterson Martins 
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Thayane de Araújo Morais
Terezinha Marta de Paula Peres
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Arandi Robson Martins Câmara 
Bethânia Lima Silva
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Eide Justino Costa





Eldio Pinto da Silva   [23-3-2013]


Edição: Martins, 1971:
da     p. 290:      “Não espanta, pois, haver produzido em 1814” [...]
até a p. 292:       [...]  “ Meu peito em ânsias
                                           imita undoso.
                                           (“Cançoneta”)   ”




Antonio Candido continua na reflexão sobre a obra de Borges Barros, analisando o texto produzido em 1814 (A flor saudade). Candido observa que o texto de Borges de Barros já apresenta características do “Romantismo brasileiro inicial”. As observações são evidentes quanto a um momento de transição, de transformação literária, mas dentro do que Candido chama de “posição extrema do Arcadismo”.


O trecho apresenta versos que ressaltam a saudade, a dualidade entre alegria e a melancolia:


Vem cá, minha companheira,
Vem, triste e mimosa flor,
Se tens de saudade o nome,
Da saudade eu tenho dor

Recebe este frio beijo,
Beijo da melancolia,
Tem d’amor toda a doçura,
Mas não o ardor d’alegria.



A temática da melancolia, observa Candido, já tinha sido utilizada em 1813 com características árcades. O texto de de Borges de Barros tem uma sensibilidade poética, como também uma melancolia inspiradora – o que poderia ter marcado com a mesma visão Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo e Junqueira Freire. Candido observa que nos poemas de Borges de Barros “começa a poesia d’alma, dos vagos movimentos interiores ao devaneio e, sendo própria do adolescente, vai dar vontade de chorar e morrer a duas gerações de poetas mortos na flor da idade.”


Poesia de fronteiras, os poemas de Borges de Barros são precursores da suprema consagração que Garrett daria em termos modernos à temática da saudade agridoce, do amor terno e cruel . Assim é que em Borges de Barros, por exemplo, na ode "À Melancolia", define-se "o estado de alma predileto do poeta romântico”.


Portanto, Antonio Candido destaca na obra de Borges de Barros “premonições românticas”:


Não me lembres, não, mudem-se, ó Noite
Doces momentos em tristonhas horas,
Em lagrimas os risos
("À Noite")


Meu peito em ânsias
Imita undoso.
("Cançoneta")



O texto de Borges de Barros traz a liberdade de criação e de expressão, o pessimismo com ênfase na saudade, melancolia, a tristeza, os anseios da vida em relação à morte. O que será observado nas páginas seguintes com a análise do poemeto de 1825 - Os túmulos.

2 comentários:

Base de Pesquisa Formação da Literatura Brasileira disse...

Elizabete comentou em 9-4-2013 a leitura de Eldio de 23-3-2013:

Segundo Candido, já nas odes produzidas por Borges Barros (de 1810 a 1813), "à simplicidade elegante, junta aqui o toque contemplativo, que é o próprio timbre do Romantismo inicial".
Eldio fez comentários bem precisos sobre tais observações de Candido, principalmente as relativas ao poema "A flor da saudade", enfatizando com maestria essa transição para o Romantismo.
O ponto principal a reter é que
com Borges de Barros, dá-se início à "poesia do estado d'alma", nutrida de saudade e de melancolia, retrato da própria vida humana.

Base de Pesquisa Formação da Literatura Brasileira disse...

Paulo Caldas Neto comentou em 13-5-2013 a leitura de Eldio de 23-3-2013:

Interessante essa visão de Candido sobre Borges de Barros, um poeta pouco conhecido na História da Literatura Brasileira, que, antes dos mais conhecidos por nós, já trazia temáticas como a melancolia, a tristeza e as ânsias do viver em sua obra.