quarta-feira, 28 de novembro de 2012


Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro




Edlena da Silva Pinheiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Mona Lisa Bezerra Teixeira
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Terezinha Marta de Paula Peres
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Arandi Robson Martins Câmara 
Bethânia Lima Silva




Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro   [24-11-2012]


Edição: Itatiaia, 2000.
da p. 262: [Ferdinand Denis] “A exploração da natureza brasileira como fonte de novas emoções[...]”,
até a p. 264: “[...] põem à prova a amizade daquele guerreiro por seu amigo Jacaré.”

Neste trecho, recorte do subcapítulo “Pré-romantismo franco-brasileiro”, Antonio Candido continua a analisar as contribuições de escritores que participaram da criação de uma “nova sensibilidade” que se desenvolveria no Romantismo como fator marcante do período. Para tanto, observa as obras de Ferdinand Denis e a de Daniel Gavet e Philippe Boucher, três autores estrangeiros.

Candido, aliás, apresenta Denis não como um dos escritores que merecem mero registro em sua obra, mas como figura importante para a criação de nosso espírito romântico, sendo um dos primeiros a explorar a natureza local e transformar os temas brasileiros em matéria literária. O crítico destaca, apoiado em observações anteriores de outros autores, que a obra de Ferdinand Denis, Cenas da Natureza nos Trópicos, seria “um marco na formação de nosso romantismo”, o que depois ficará mais claro quando tal escritor for avaliado ao lado de Garret. Temos, portanto, um de nossos primeiros contatos com um dos “fundadores” da forma literária que tomou nosso Romantismo.

Em tal livro, segundo Antonio Candido, “[...]encontra-se pela primeira vez um tratamento sistemático das impressões despertadas pela natureza do Brasil. Com o intuito puramente literário.” – e são visíveis contatos com Alexandre von Humboldt e Chateaubriand. Como o crítico considera, sob a particular influência desde último escritor, é de Denis a “primeira tentativa de  ficção indianista”, e que teria lugar na “periferia” de nossa literatura. Vale ainda destacar que o autor estrangeiro teria “intuído” o desenvolvimento da literatura de língua portuguesa.

Quanto a Gavet e Boucher, devido à tradução para o Francês de Marília de Dirceu e Caramuru, teriam criado o primeiro romance indianista, Jakaré-Ouassou ou Les Tupinambas, que, embora seja considerado “medíocre” por Candido, já delineia as características desse gênero.

Tal romance teria retirado sua matéria de um episódio sem grande destaque em Caramuru, o conflito histórico entre os índios tupinambás e o donatário da Bahia, e aproveitado um dos estudos de Ferdinand Denis sobre a literatura brasileira. Também é nele que aparecem sistematicamente os relatos dos cronistas franceses do período entre os séculos XVI e XVII, fato inaugural em nossa tradição literária.

Um comentário:

Base de Pesquisa Formação da Literatura Brasileira disse...

Massimo Pinna comentou em 7-12-2012 a leitura de Daniel:

É difícil acrescentar algo significativo à leitura do colega Daniel: além de ser exaustiva, apresenta uma nitidez, no estilo do mestre Candido. Para compreender melhor o perfil
de Ferdinand Denis (1798-1890), fui atrás de dados biográficos dele e descobri que os quatro anos que transcorreu no Brasil foram durante a adolescência. Com certeza, o exotismo da natureza brasileira despertou nele – e não só nele, mas em todos aqueles intelectuais devedores de John Milton, que vieram ao Brasil – uma “saudade de um paraíso perdido” – como se fala na introdução do capítulo sobre o romanticismo brasileiro incipiente, impulsionado pelos franceses “viajantes”. Como afirma Candido e como retoma o colega Daniel, o mérito de Denis, e dos seus conterrâneos, não se encontra tanto na qualidade das obras literárias que produziu aqui no Brasil – e depois na França, falando ainda sobre o Brasil – mas por ter mostrado que “ o mundo circundante assume então um sistema de signos”, que permite aos intelectuais literatos brasileiros de se abrirem a esse novo sentimento que será o
Romantismo.