sábado, 17 de setembro de 2011

Juliana Fernandes Ribeiro Dantas




Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Kalina Naro Guimarães
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Andreia Maria Braz da Silva
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Bethânia Lima Silva
Cássia de Fátima Matos
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Jackeline Rebouças Oliveira







Juliana Fernandes Ribeiro Dantas [10-9-2011]




Ed. Martins, 1971
Inaugurando o Capítulo VII – Promoção das Luzes:
da p. 227: [início do subitem 1. As condições do meio] “Muitas das aspirações mais caras aos intelectuais brasileiros da segunda metade do século XVIII” [...]

até a p. 229: [...] “Sistema Econômico, que destruísse os anti-sociais efeitos do Sistema do Continente’ (pág. 67) . ”



Dando início ao capítulo VII Promoção das luzes, Antonio Candido afirma que as ideias caras aos intelectuais brasileiros do século XVIII tornaram-se concretas em inícios do XIX pelas mãos do mesmo governo que as combateram anteriormente. Citando Anatole France, Candido fala em ideias ‘subversivas antes de serem tutelares.’


Ele coloca as melhorias intelectuais feitas na colônia por D João VI como a ‘promoção das luzes’ em terras do Brasil Colônia; entretanto, deixando claro ser essa a única possibilidade de El rei reinar lá e cá sobre suas instituições, estando fisicamente longe da Metrópole.


Todavia, não há como negar a benfeitoria feita às artes em geral, colocadas como realização dos sonhos dos homens cultos da Colônia. No tocante à literatura, fala-se em aparecimento de público consumidor, delineação do mesmo e fixação de hábitos de leitura. A gratidão dos brasileiros ditos cultos era tão grande que as manifestações perdiam-se entre adulação e sinceridade.


Dando início, assim, a uma literatura de apoio à Corte Portuguesa, na tentativa de inverter a situação vergonhosa da Família Real fugitiva, transformando-a em corajosa, por força de um servidorismo público literário. Candido cita primeiramente dois poemas épicos portugueses representantes deste embuste: Brasilíada, de Tomás Antônio dos Santos e Silva e Afonsíada, de Antônio José Osório de Pina Leitão.


Antonio Candido cita também alguns ‘solícitos’ brasileiros que renderam loas à vinda da Família Real para o Brasil: o Alferes Lisboa, Bernardo Avelino Ferreira e Sousa, Estanislau Vieira Cardoso e José da Silva Lisboa.


Todos incumbidos de difícil missão: transformar El rei medroso em herói destemido e corajoso. Todos eles com o mesmo objetivo, procuraram tirar El rei da aparente decadência em que se encontrava, banido de sua própria terra, abrigado numa Colônia e obrigado a equipará-la a Reino.


Vale salientar que tais escritos elogiativos eram feitos por ordem Del rei, impressos na Tipografia Real e distribuídos gratuitamente. Modalidade de folhetos políticos revestidos por afinco literário. Com tudo isso, vê-se que a contradição é quase lugar-comum em terras brasileiras e que hipocrisia e “servidorismo” público já vêm de longa data.

3 comentários:

Base de Pesquisa Formação da Literatura Brasileira disse...

Antônio Fernandes de Medeiros Jr
comenta a leitura de Juliana - 23-9-2011:
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas destaca, no início desse sétimo capítulo,
alguns fatos “modernizadores” da Colônia, e aspectos históricos
decorrentes da presença, no Brasil, da Família Real fugitiva das Guerras
Napoleônicas, em 1808. Identifica como a iniciativa política de criar
instituições – a Imprensa Régia entre elas – ganha relevo para legitimar a
transferência da Sede da Casa Real para a Colônia. Salienta a compreensão
de Antonio Candido que nomeia a conjuntura como ambiente propício à
“promoção das luzes” e ao forjamento “dos primeiros públicos consumidores
regulares de arte e literatura”, tudo artificial, à brasileira. E não
poderia ser diferente numa sociedade formada por escravos e pessoas livres
(plebeus súditos distinguidos com títulos de nobreza e os vassalos sem
privilégios) anterior, inclusive, à outorga da Constituição do Império, de
1824. Tal artificialidade formativa de público, produtor e consumidor de
literatura, esclarece a respeito do empenho publicitário para a divulgação
de interesses políticos da Corte, mas não omite a precariedade marcante
desse surgimento de “público” elitista, sem o traço da universalidade de
direito ao consumo e descaracterizado da representação popular.

Kalina Naro disse...

Kalina Naro comenta a leitura de Juliana - 25/09/2011:

Lendo as duas primeiras páginas do capítulo VII da Formação da Literatura Brasileira, v. 1, Juliana Fernandes Ribeiro Dantas observa que Candido registra o grande desenvolvimento da cultura intelectual e artística, advindo com a chegada da corte ao Brasil, não como o atendimento às mais altas aspirações dos intelectuais brasileiros, mas como uma necessidade estrutural para o gerenciamento do reinado americano de D. João VI. Contudo, a produção literária que abundou neste período tratou de, assumindo um tom adulatório, purgar a história de sua esfera imperialista, exultando o “trânsfuga real, que abria para o país a era do progresso” (CANDIDO, 1981, p.227). Na leitura de Juliana, destacamos seu interesse em apontar a relação carnal apontada entre literatura e metrópole, nos versos que, envoltos numa atmosfera de muita euforia e esperança de dias melhores, revelam indisfarçável ingenuidade ao doar grandeza e dignidade à forçada migração da Corte.

Base de Pesquisa Formação da Literatura Brasileira disse...

Antônio Fernandes de Medeiros Jr comenta a leitura de Juliana - 23-9-2011: Juliana Fernandes Ribeiro Dantas destaca, no início desse sétimo capítulo, alguns fatos “modernizadores” da Colônia, e aspectos históricos decorrentes da presença, no Brasil, da Família Real fugitiva das Guerras Napoleônicas, em 1808. Identifica como a iniciativa política de criar instituições – a Imprensa Régia entre elas – ganha relevo para legitimar a transferência da Sede da Casa Real para a Colônia. Salienta a compreensão de Antonio Candido que nomeia a conjuntura como ambiente propício à “promoção das luzes” e ao forjamento “dos primeiros públicos consumidores regulares de arte e literatura”, tudo artificial, à brasileira. E não poderia ser diferente numa sociedade formada por escravos e pessoas livres (plebeus súditos distinguidos com títulos de nobreza e os vassalos sem privilégios) anterior, inclusive, à outorga da Constituição do Império, de 1824. Tal artificialidade formativa de público, produtor e consumidor de literatura, esclarece a respeito do empenho publicitário para a divulgação de interesses políticos da Corte, mas não omite a precariedade marcante desse surgimento de “público” elitista, sem o traço da universalidade de direito ao consumo e descaracterizado da representação popular.