terça-feira, 28 de junho de 2011

Jackeline Rebouças Oliveira




Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Aldinida Medeiros Souza
Andreia Maria Braz da Silva
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Bethânia Lima Silva
Cássia de Fátima Matos
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos









Jackeline Rebouças Oliveira [25-6-2011]


Edição: Itatiaia, 1975
da p. 220: [subitem: A inflexão de Ottoni] ”Ao contrário dessa piedade fácil, diríamos mesmo automática”...
até p. 222: ... “No íntimo de nós altivo mora,
exclama mediocremente na “Ode sobre a existência de Deus”.


Continuando o nosso estudo sobre literatura religiosa, analisaremos a seguir dois tópicos denominados por Candido de: a inflexão de Ottoni e a religião profunda. Candido inicia seu texto sobre a inflexão de Ottoni afirmando que Elói Ottoni passou a escrever poesias religiosas depois de uma crise pessoal. Essa crise deve-se ao fato de não ter sido nomeado como esperava por D. João VI quando chegou ao Brasil, o que levou, segundo o autor, ao refúgio de Ottoni na religião, mais precisamente, na leitura da Bíblia.

No entanto, fazendo uma leitura mais atenta do texto, podemos perceber que Sousa Caldas também contribui para que Ottoni tomasse gosto pela literatura religiosa. Tanto que a viravolta que marcaria a vida de Elói Ottoni se deu aproximadamente em 1808, e, segundo Candido, existia uma possibilidade de Elói Ottoni ter se destacado na a literatura religiosa tanto quanto Sousa Caldas no esplendor da carreira de orador sacro, empenhado em verter salmos.

Nessa perspectiva, o crítico afirma que, embora não conheça relações entre Ottoni e Sousa Caldas, pode entrevê-las, uma vez que entre tantos sacerdotes letrados coube em 1814, ao poeta mineiro ter composto o epitáfio do confrade. Desse modo, estaria justificado o interesse de Ottoni pelo Velho Testamento. O autor ressalta, ainda, que os textos de Ottoni revelam interesse puramente moral.

No que diz respeito a Sousa Caldas, Candido comenta que diferentemente dos outros dois poetas (São Carlos e Elói Ottoni), Sousa revela inspiração e prenúncio de certos traços do futuro, e a tendência ética e devocional do poeta combina com seu espírito forte e inquieto. Assim, a religião aparece nas poesias de Sousa Caldas como uma forma de expressar um ponto de vista, servindo para exprimir os sentimentos pessoais, dando elementos para uma concepção do homem e mundo.

Dentro dessa perspectiva, o autor compara duas obras do poeta de períodos diferentes: a peça mestra da fase Rousseau, a ode ao homem selvagem, e a peça mestra da fase religiosa, a ode à existência de Deus. O objetivo dessa comparação é mostrar que mesmo as obras estando em fases distintas, nota-se um paralelismo entre elas, como o próprio Candido afirma, é uma filosofia de vida que substitui outra.

Podemos perceber que nos versos compostos por Sousa Caldas a religião não aparece como “indiscutível” fidelidade à verdade revelada. Sendo assim, ela é fruto de uma pesquisa interior em que se corporificam respostas. Seguindo essa perspectiva o crítico faz outra comparação, agora entre as peças frias e amaneiradas, e as pesadas e monótonas. Nessas análises fica constatado que Sousa Caldas via a religião em seus aspectos psicológicos e filosóficos, pois nessas peças há um sentimento de vazio interior, a poesia neste caso, seria mais para transmissão de valores.

Um comentário:

Base de Pesquisa Formação da Literatura Brasileira disse...

Joana Leopoldina comenta em 11-10-2011 a leitura de Jackeline:

Complementando o texto de Jackeline, deve-se ressaltar que Antonio Candido no tópico “A inflexão de Ottoni” fala que os textos de Ottoni revelam interesse puramente moral pela escolha dos Próverbios que, segundo Candido, o sentido não era nada poético e também pelo Livro de Jó, denominado pelo crítico de patético, pois não leva em conta a densa poesia do texto. Para Candido Os Provérbios são parafraseados em quadrinhas fáceis e leves, já o Livro de Jó representa um esforço literário bem mais considerável.