sábado, 13 de novembro de 2010

Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Bethânia Lima Silva
Carmela Carolina Alves de Carvalho
Cássia de Fátima Matos
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Kalina Naro Guimarães
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Aldinida Medeiros Souza
Andreia Maria Braz da Silva






Marcos Falchero Falleiros [13-11-2010]

30-10-2010
Edição: Martins, 1971
da p. 191: [dando início ao Capítulo VI – Formação da Rotina]
“Os escritores da geração anterior representam o ponto máximo” [...]
até a p. 193: [...]”a delegação poética, desamparada de inspiração, se desvirtua numa
verdadeira alienação literária.”


e



13-11-2010
da p. 193: “Tudo isso talvez explique a razão da posteridade projetar
retrospectivamente” [...]
até a p. 195 [na sequência do subcapítulo 2. Pessoas]
[...] “mas uma espécie de tributo pago pelo progresso à ordem tradicional.”





Para qualificar o momento do declínio arcádico, Antonio Candido usa a imagem sugestiva do “jardim” e do “cemitério”: a tendência nas correntes literárias de terem, após o fastígio de sua expressão, a sequência ossificada de seus padrões numa rotina de produção medíocre. Assim, no caso do Arcadismo, passou-se da naturalidade neoclássica para o prosaísmo, da elegância para a afetação, do racionalismo clássico para a alegoria, da ilustração para o pedantismo didático [tirando o “didático” parece a degeneração em que caiu nosso mundo universitário depois dos anos 80 pra cá].


Daí não ser razoável entender esse momento como “aparecimento” de novas tendências, no caso pré-românticas, mas sim um “desenvolvimento”, vicioso, dos padrões arcádicos, ainda que decorrentes das virtualidades destes. Também será equívoco, por outro lado, considerar esse passo um hiato cortante em relação ao Romantismo brasileiro, na verdade muito enraizado no Arcadismo.


Inspiração em outras fontes e aparecimento de talentos inovadores são os pontos de inflexão a que chegou o Romantismo, mas que faltaram à rotina mediocrizante do epigonismo [: Imitação artística, literária ou intelectual, especialmente por uma geração posterior ao artista, literato ou pensador imitado] arcádico, consolidada no gosto médio como caldo de cultura onde abundaram canastrões e poetastros [vejam a “intelligentzia” deste início de século XXI, mas acrescentem uns 70% de impostura, oportunismo e carreirismo].


Em razão disso a posteridade crítica, projetando retrospectivamente os defeitos do “cemitério” para a totalidade do “jardim”, acabou por fixar um estereótipo pejorativo sobre o Neoclassicismo. Mas também aí temos um fenômeno comum a esse tipo de avaliação, de que o Cultismo, por exemplo, foi vítima, tendo seu estágio de decomposição contaminado a avaliação de um grande nome precedente, como Gongora, transformado em aberração estética pela então nascente reação neoclássica.


Por outro lado, Antonio Candido salienta, é importante lembrar que os românticos combateram menos os árcades que os cânones arcádicos seja no que se refere à moda greco-romana, seja na consideração de que estes representavam a literatura “colonial” a ser rejeitada por uma pátria livre, sem contudo deixar de valorizar em seus predecessores as sementes, ainda que pouco desenvolvidas, do “nativismo” e da “religiosidade”.


Assim, o Arcadismo sobreviveu ao lado do Romantismo, ainda que em posição de segundo plano, como subliteratura, na arte oficial e no gosto médio, reaparecendo nos maus momentos até dos grandes românticos, como Gonçalves Dias ou Álvares de Azevedo, sem falar dos figurões apoetados, entre eles D. Pedro II e seus versinhos. Talvez a permanência prolongada do Arcadismo se deva à predileção dos temas do século, patriotismo e religiosidade, que enformaram os primeiros públicos da literatura brasileira, notadamente no Rio de Janeiro.



2. Pessoas


A geração que intermedeia os mineiros árcades e o Romantismo tem, em sua mediocridade literária, uma característica estranha: fora da literatura foram homens mais atualizados, com produção expressiva no plano do jornalismo e do ensaio político-social, como provam, por exemplo, Américo Elísio ou Frei Caneca. A sensação, afinal, para que se explique tal incoerência histórica, é de que procuravam compensar através da estagnação estética os arrojos de espírito do homem público, como se estivessem assustados “com o barulho novo das próprias asas”.

Um comentário:

Base de Pesquisa Formação da Literatura Brasileira disse...

Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira comenta em 29-11-2010 a leitura de Marcos:

Sobre o Capítulo VI “Formação da rotina”, Marcos Falleiros afirma, a partir dos postulados de Antonio Candido, que a decadência do Arcadismo Brasileiro não prenuncia o Romantismo, mas sobrevive “mesmo como subliteratura”, ao lado dele. E que os maus momentos Árcades refletem nos maus momentos de Grandes escritores românticos como Gonçalves Dias e Álvares de Azevedo. Comungando com as idéias de Candido, Marcos ratifica que o prolongamento do Arcadismo no Brasil se deve, talvez, ao gosto pelos temas do século como patriotismo e religiosidade. E que, embora medíocres na produção literária, as figuras Árcades são destaque na qualidade de textos jornalísticos, bem como em ensaio político. Mas, em termos estéticos esta “estagnação literária” sugeria uma “emergência de traços diferentes”.