sábado, 2 de maio de 2009

Rosiane Mariano
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Aldinida Medeiros Souza
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Carmela Carolina Alves de Carvalho
Cássia de Fátima Matos dos Santos
Edlena da Silva Pinheiro
Edônio Alves Nascimento
Eldio Pinto da Silva
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Kalina Naro Guimarães
Ligia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Renan Marques Liparotti
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo



Rosiane Mariano [2-5-2009]


Editora Martins, 1971:
de: p. 92: "Estudante em Coimbra, foi contemporâneo de Diniz,
Negrão"...
até: p. 97: ..." sentimento, podiam exprimir uma daquelas fortes antíteses
que lhe eram caras."



Em Coimbra, Cláudio Manuel da Costa, de formação barroca, e seus contemporâneos - Diniz, Negrão, Gomes de Carvalho e Garção - encontraram um ambiente inviável para o estilo culto, uma vez que a nova expressão do espírito do século XVIII já se operava. Porém, de modo independente e conservador da tradição, o brasileiro procurou, com simplicidade didática e interesse pela vida humana contemporânea, ser homem do seu tempo e co-autor das novas concepções européias. Mas, foi com a recuperação dos modelos quinhentistas que ele garantiu a culminância do segundo momento da sua evolução literária. Com resíduos do Barroco e da “fresca espontaneidade popularesca”, esses modelos expressaram plenamente o pensamento e a sensibilidade portuguesa no período da Arcádia Lusitana e deram sólida base à literatura moderna portuguesa. Graças a sua vocação cultista, Cláudio teve, no soneto, a sua mais alta realização, pois encontrou nele a forma poética justa para seu caro jogo intelectual, ligado à herança barroca do amor pela imagem peregrina, da rima sonora e da metáfora.


Temas como o do amante infeliz, o contraste rústico-civilizado e a tristeza da mudança das coisas em relação aos estados do sentimento são constantes nos sonetos de Cláudio. No entanto, certo dilaceramento dramático poder ser visto na sua poesia, a exemplo do soneto XVIII, no qual o eu lírico pastor, apesar dos presságios da voracidade do lobo em sua manada, apenas lembra-se de Nize, sua musa inspiradora. As imagens aprendidas em Quevedo e Gongora impregnam outras formas, como as éclogas e as odes de Cláudio. Em suas “Fábulas”, a influência desses poetas espanhóis pode ser vista pelo uso constante do hipérbato, “recurso culterano por excelência, utilizado por Gongora com admirável sentido expressivo e banido pelos árcades”.


Candido admite que o cultismo de Cláudio representa força diante das inclinações para o amaneiramento presente na poesia moderna. A volta ao Brasil em 1753, antes da efetiva fundação da Arcádia Lusitana, lhe causou certo desvio das idéias de renovação, mas favoreceu uma mediação entre as duas tendências, tornando-o, no dizer de Antonio Candido, “um neoquinhentista filtrado através do Barroco”.


Polifemo


As constantes referências às penhas, que sugerem o ambiente agreste e rústico de Minas Gerais, apontam a sensibilidade do poeta em busca dos estímulos barrocos, pois o cultismo era dado a rochedos e a cavernas, talvez pelos movimentos plásticos irregulares que essas formas representam. Além disso, o gosto de Cláudio pela eloqüência pode ser visto nas antíteses, figura prezada pelo movimento seiscentista.

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