domingo, 16 de outubro de 2016


Afonso Henrique Fávero






Alynne Ketllyn da Silva Morais
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Paulo Caldas Neto
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais
Adriana Vieira de Sena





Afonso Henrique Fávero [15-10-2016]


Edição: Martins, 1971, VOL.2:
da p.  138:      [PDF +- p. 450]     “A tagarelice possui vantagens e desvantagens”[...]
até a p. 140:  [PDF +- p. 452]   [...] “Por isso já os veteranos o reputavam fiel na pintura dos costumes.”



O referido trecho continua a tratar de Joaquim Manuel de Macedo e inicia-se por: “A tagarelice possui vantagens e desvantagens”. Tem-se a impressão de que, por tão óbvias, as desvantagens não precisam ser explicitadas nem analisadas. Candido, então, ocupa-se em demonstrar e comentar uma vantagem específica, a saber, que os romances do autor – marcados por uma “tendência para a prosa falada” – produzem o efeito de conter a expansão própria dos românticos. O resultado é uma simplicidade que conduz à observação minuciosa do meio social. A comunicação fácil com o público leitor assenta-se na temática afeita às cogitações da classe média urbana e no estilo fluido, próximo à linguagem oral.

Num momento-chave do trecho, Candido faz uma observação que nos remete à parte inicial desse capítulo III (“Um instrumento de descoberta e interpretação”). Ao lembrar as intrigas amorosas que o autor põe em cena, diz: “Os labirintos românticos da paixão tornam-se as veredas sociais do namoro, neste bom burguês incapaz de trair a realidade que o cerca, acabando sempre por harmonizar no matrimônio o dote da noiva e o talento sutilmente mercável do noivo.”

Quando conclui aquela parte inicial com Machado de Assis, fica mais visível para nós o sentido que Candido ali imprimiu ao demonstrar que a grandeza do escritor devia-se, entre outras coisas, à capacidade de perceber os acertos e equívocos de seus antecessores. Notamos, pois, o legado de Macedo a Machado: “fidelidade ao meio”. A diferença fundamental, com implicações na qualidade de nível literário, enorme entre eles, é que o primeiro “não inventa, portanto, condições socialmente impossíveis para os personagens”; Machado, por seu turno, põe a nu a ferocidade dessas condições.



Um comentário:

Base de Pesquisa Formação da Literatura Brasileira disse...

Terezinha Peres comentou em 05-11-2016 a leitura de Afonso:

Ambientada no Rio de Janeiro a obra de Joaquim Manuel de Macedo nos reporta aos costumes da sociedade carioca de meados do século XIX. Tal como no sarau de A Moreninha, os “requintes de elegância” com que as mulheres frequentavam os bailes, os “mexericos”, os “murmúrios”, bem como os interesses baseados no matrimônio como resultado das “veredas sociais do namoro”, reforçam a ideia de fidelidade ao meio apontada por Antonio Candido e tão bem comentada por Afonso Fávero. De forma simples e objetiva Macedo mescla elementos românticos a elementos do meio social carioca. Daí o crédito de “fiel pintor dos costumes”.