sábado, 2 de maio de 2015

Érika Bezerra Cruz de Macedo





Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Paulo Caldas Neto
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais

Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos






Érika Bezerra Cruz de Macedo [02-05-2015]


Edição: Martins, 1971, VOL.2:

Edição:Martins,1971, VOL.2:
da p. 75+-: [PDF-p. 398]  “Pertencendo a uma geração literária de maridos virtuosos,  já vimos que cantou pudicamente”[...]
até a p. 77+-: [PDF-p. 399]    [...] ”líricas,um longo poema indianista e a longuíssima epopeia sobre a Independência.“ [ primeiras linhas  do subtítulo Teixeira e Sousa]


Nas páginas antecedentes, Antonio Candido vale-se de um estilo elegante, ainda que por vezes eivado de ironias sutis, e de inigualável argúcia e senso crítico para apresentar sua concepção da literatura como um conjunto de obras no qual a interação "autor-obra-público" se define e se prolonga pela "tradição", constituindo um "sistema", em contraste com as "manifestações literárias" precedentes.


No caso da literatura brasileira, parece-lhe que a caracterização desse "sistema" ocorreu entre as academias do século XVIII e Machado de Assis, razão pela qual a Arcádia e o Romantismo delimitam seus estudos. O grande mestre da crítica literária afirma ainda que é entre os anos trinta e setenta do século XIX que o “sistema literário” se consolida, vindo a se consubstanciar através do movimento desencadeado em Paris pelo grupo liderado por Gonçalves de Magalhães através da revista Niterói em 1836.


Tributários do nacionalismo, os intelectuais românticos criam as bases do que seria uma literatura brasileira. Empenhados na “construção da nação”, assumiram mesmo um “sentimento de missão” que os levava a “[...] considerar a atividade literária como parte do esforço de construção do país livre” (CANDIDO, 1971, v. 1, p. 26). Tal empenho conduziu a literatura a priorizar a soberania do tema local, exaltando a terra e o povo, além de buscar as linhas estéticas e as preocupações temáticas capazes de expressar a nova realidade da recente nação.


A esse respeito, alguns escritores acreditavam que a representação do local passava pela figura do índio, visto como símbolo maior da brasilidade, ainda que poeticamente pintado com tons refratados do modelo europeu de cavaleiro medieval. Já outros adotaram a beleza pátria, a religião e a natureza como motivos principais de seus cantos.


Tais temas foram introduzidos no Brasil por poetas esteticamente vacilantes, hesitantes entre a nova e a velha escola, sem grandes ousadias poéticas e literariamente medíocres. Segundo Antonio Candido, essa primeira geração é formada por três estratos de autores: o primeiro representado por Gonçalves de Magalhães, Manuel de Araújo Porto Alegre e Francisco Salles de Torres Homem; o segundo apresenta os discípulos mais jovens: Joaquim Norberto, Dutra e Melo, Teixeira e Souza; e o terceiro é marcado principalmente por Gonçalves Dias, o único a desvencilhar-se da mediocridade.


Nas páginas específicas para esta leitura, Candido enfoca justamente o grupo de discípulos, adjetivados como êmulos, título que por si só sugere a qualidade secundária de suas obras. O primeiro a figurar dentre os escritores que adotaram conscientemente a reforma da Niterói, no sentido de assumir o nacionalismo literário como dever patriótico, é Joaquim Norberto, cuja extensa obra incorporou de maneira cabal a divisa da revista: “Tudo pelo Brasil, e para o Brasil”, mas não resultou em nenhum "verso prestável".


Seguidor das propostas estético-literárias de Magalhães, é apresentado como um marido virtuoso, que canta pudicamente a esposa em "O Livro de Meus Amores", conferindo-lhe atributos de “anjo de amor” ou “anjo sagrado”, dentro dos padrões de idealização romântica da figura feminina. No vasto conjunto da obra de Norberto, Candido destaca "Flores entre Espinhos", poemas denominados de "contos poéticos" feitos sob a égide de Lord Byron, mas sem o talento deste, como o maior pecado estético de Norberto e uma evidência vulgar do quão canhestra era nossa produção literária.


O autor seguinte é Dutra e Melo. Poeta de segunda ordem, embora sensível a certos prenúncios de transformação literária, evidente na verve crítica com que delineia seu artigo sobre "A Moreninha", manteve-se preso a padrões neoclássicos que sufocam sua expressão lírica e configuram-no como exemplo de indeterminação estética similar a de Junqueira Freire.


Por fim, Candido apresenta-nos Teixeira e Sousa como pior que os outros dois, destacando-o como um escritor cuja ambição literária é inversamente proporcional ao seu talento.

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