segunda-feira, 24 de setembro de 2012



Andrey Pereira de Oliveira



Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Bethânia Lima Silva
Cássia de Fátima Matos
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Mona Lisa Bezerra Teixeira
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Terezinha Marta de Paula Peres
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero




Andrey Pereira de Oliveira [22-9-2012]


Edição: Martins, 1971:
  
da     p. 273:      “Januário da Cunha Barbosa/ Pela via da metamorfose, segundo o modelo de Diniz, ocorreu em alguns deles verdadeira emergência de patriotismo literário”[...]

até a p. 275:      
[...]  “De um triste, que embrenhado na espessura/Suspirando saudoso arqueja, expira (XVIII).”


Nesse passo da “Formação” que nos coube resumir, Antonio Candido comenta a poesia de Januário da Cunha Barbosa e de Natividade Saldanha. O primeiro é considerado péssimo, o segundo, menos ruim.


Em Januário da Cunha Barbosa, é destacado seu patriotismo literário, que deriva da soma da tradição clássica com tendências indianistas embrionárias. Ilustrando essa vertente do poeta, Candido transcreve um trecho do poema “Niteroi”, obra em versos em que, com um estilo excessivamente empolado, o poeta mistura figuras da mitologia greco-latina como ninfas, monstros e semideuses, para narrar o surgimento de Niteroi como resultado da luta entre os Gigantes e os Deuses clássicos.


Em sua linguagem grandiloquente e em sua não muito criativa genealogia mítica, o que Cunha Barbosa faz é criar mais um exemplar para o rol das obras que ufanamente hiperbolizam a realidade natural do Brasil, visto que Niteroi funciona como metonímia de todo o país. Como o fragmento citado por Antonio Candido é muito curto, não temos como julgar por nós mesmos a qualidade do poema, mas, se tomarmos como justas as palavras do crítico, o poema deve ser para lá de medonho. Eis os termos com que Candido refere-se ao texto: “péssimo”, “esforço ao mesmo tempo ridículo e comovedor”... “Nunca se viu no Brasil tanto desperdício de mitologia”.
[Uma nota pessoal (e completamente desnecessária!): diante das melecas que se tem escrito ultimamente, o trecho do homônimo do pai de Gonzagão até que não faz feio... No mínimo, o sujeito era letrado...]


Já sobre Natividade Saldanha, Antonio Candido parece fazer um julgamento menos negativo. Considera-o um “paradigma de aluno literário”, uma vez que sua obra demonstra um estudo sério da geração arcádica, a que busca copiar. Desse esforço de tomar tais modelos resulta uma obra em que se percebem traços de Cláudio, Garção, Bocage e Diniz. Segundo o crítico, à poesia de Saldanha “não faltam qualidades de elegância e por vezes energia”. Trata-se do “conjunto mais ortodoxamente arcádico da nossa literatura”. Com essa observação da ortodoxia de Natividade Saldanha, Candido quer ressaltar a insensibilidade estética do poeta, que submete em excesso sua poesia às normas da escola. É o que ele afirma ainda ocorrer nos parnasianos, “que ainda hoje nos afligem”.


É em alguns de seus poemas de temática melancólica, que acusam certas motivações e indícios biográficos, como os que tematizam a obsessão com a morte, que Saldanha parece escapar das arramas retóricas engessadas, livrando-se, ao menos em alguns momentos, das convenções. Parece ser o caso do soneto “Noite, noite sombria, cujo manto”, considerado pelo crítico como sua melhor realização.

2 comentários:

Base de Pesquisa Formação da Literatura Brasileira disse...

Marcus Vinicius Mazzari comenta em 22-9-2012 leitura de Andrey de 22-9-2012:


O resumo das observações do A. C. sobre a poesia de J. da Cunha Barbosa e de Natividade Saldanha destaca os seus pontos principais e o próprio Andrey releva uma veia irônica para reforçar o ridículo dos esforços de Cunha Barbosa em criar uma mini-epopeia sobre o surgimento de Niteroi e, por extensão metonímica, de todo o Brasil. Como felizmente não fui obrigado a ler essa obra, só posso tentar imaginar o que significa estar "para lá de medonho". Mas mesmo assim não faria "feio" diante das "melecas" que são escritas hoje em dia? Em que será que o Andrey estaria pensando?




Base de Pesquisa Formação da Literatura Brasileira disse...

Medeiros comenta em 6-10-2012 a leitura de Andrey em 22-9-2012:

Os registros de leitura de Andrey abrem caminho para a compreensão de que nesse capítulo do Formação estão comentadas as obras de poetas de valor no mínimo discutíveis que, entretanto, são formulações históricas com espírito de época cristalizado, cuja mentalidade permanece fixada nos “neoclássicos decadentes”. É o que se lê em Antonio Candido e se percebe na “veia irônica” do texto-resumo de Andrey, sublinhada por Mazzari.