terça-feira, 14 de junho de 2011

Elizabete Maria Álvares dos Santos




Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Aldinida Medeiros Souza
Andreia Maria Braz da Silva
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Bethânia Lima Silva
Cássia de Fátima Matos
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva






Elizabete Maria Álvares dos Santos [11-6-2011]





Dando prosseguimento ao capítulo 6 – RELIGIÃO, passaremos a analisar o trecho intitulado por Candido, Devoção Convencional. O autor inicia ressaltando a necessidade de se “analisar a literatura religiosa do período estudado, no que ela tem de novo e, deste modo, mais próximo dos desenvolvimentos subseqüentes”. No entanto, após leitura do trecho, percebe-se que nada de novo vibra, não há inquietude, segundo as palavras do próprio Candido, mas sim um permanente diálogo com a tradição religiosa, com a igreja personificada.


Para essa análise, Candido compara a poesia ou prosa dos escritores dos séculos XVI, XVII e XVIII, na literatura comum, inspiradas em Cristo, nos santos e nos dogmas da religião, com a literatura escrita na passagem para o século XIX, a qual se interessava pelo Velho Testamento, tendo, embora, havido uma predominância pelos livros morais e devocionais (Jô, Provérbios, Salmos).


Com a chegada do romantismo, o aspecto lendário romanesco predominou, tendo sido escolhido pelo autor, como exemplo, A Hebréia, de Castro Alves e A Iria de Saul, de Fagundes Varela. Vê-se, portanto, nesse período, a presença do hibridismo cultural e ideológico.


Diante do que Candido chamou de “esquema”, não houve outra maneira senão a de separar, do ponto de vista estético, O Frei Francisco de São Carlos (1768 – 1829), de Padre Antônio Pereira de Sousa Caldas (1762 – 1814) e de José Elói Ottoni (1764 – 1851), visto que o frei ainda estava completamente preso à devoção religiosa, enquanto que estes, já com um pé dialogando com a tradição, demonstram uma certa curiosidade pela Bíblia, sendo essa curiosidade um dos aspectos da religiosidade romântica.


Nesse ponto, Candido comenta alguns trechos do poema épico-lírico A Assunção da Virgem, de São Carlos, no qual a glorificação da Virgem Maria é retratada, com uma forte ligação à tradição camoniana, tendo sido considerado, ainda para Candido, um poema que “é dirigido por dois sentimentos igualmente intensos, devoção e nativismo” – e a esta acrescenta a observação de José Aderaldo Castello: “certo que por influência de seu espírito religioso, se apresenta ligado ao estilo mitológico, renega-o ao mesmo tempo, à semelhança de Gonçalves de Magalhães, prenunciando uma atitude romântica, embora sem a consciência crítica dela".


Ainda com relação ao poema em destaque, Candido afirma que há uma forte personificação da igreja católica em seus versos, talvez inspirada em Jerusalém Libertada, de Torquato Tasso (igreja como devoção). É, portanto, com essa comparação entre o poema Assunção e o Jerusalém Libertada que Candido encerra o tópico Devoção Convencional, mostrando a fraqueza do poema de Tasso, inicialmente anunciada pelo critico, em relação ao desprovimento de novidade com a seguinte avaliação: “decepcionante o poema que o autor supunha de brilhante novidade. Desprovido de qualquer inquietude, as coisas nele se preestabelecem conforme a tradição e o dogma, resultando, por exemplo, em frouxo conflito de um inferno de catecismo com arcanjos de procissão...”

Um comentário:

Base de Pesquisa Formação da Literatura Brasileira disse...

Jackeline Rebouças Oliveira [16/10/2011] comenta a leitura de Elizabete [11-6-2011]:
Na análise feita por Elizabete do capítulo 6, ela apresentou a visão de Candido com relação à literatura religiosa, apontando que não havia nada de novo. Isso ocorre porque o tema religião sempre esteve muito presente na literatura. Como exemplo, temos os padres que elegiam a bíblia como parâmetro para seus sermões, sendo uma forma de socializar a população da época, o que contribuiu, para o surgimento de uma literatura sermonística que mais tarde veio influenciar os escritores da primeira fase do romantismo.
Ainda com relação ao aspecto religioso, Elizabete dá destaque a comparação feita por Candido da poesia e prosa dos séculos XVI, XVII e XVIII para passagem do século XIX. Neste exemplo, o crítico quer justamente mostrar a presença constante do elemento religioso, mesmo que, o foco seja diferente, como destacou Elizabete.
Já que nos três primeiros séculos, os poetas se voltaram para os aspectos dogmáticos, inspirados em cristo, nos santos e nos dogmas enquanto na transição para o século XIX, seguiam o velho testamento. Outro aspecto importante apontado por Elizabete é a separação que Candido faz com relação ao estilo dos poetas: Frei Francisco de São Carlos, padre Antonio Pereira de Sousa Caudas e Elói Ottoni, pois serve para entendermos que, enquanto o primeiro poeta vivia preso a devoção religiosa, nas poesias dos dois últimos já se encontrava aspectos da religiosidade romântica.