sábado, 28 de maio de 2011

Eldio Pinto da Silva




Elizabete Maria Álvares dos Santos
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Aldinida Medeiros Souza
Andreia Maria Braz da Silva
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Bethânia Lima Silva
Cássia de Fátima Matos
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro






Eldio Pinto da Silva [28-5-2011]

Ed: Martins, 1971
da p. 216 [início do subcapítulo 6 – Religião] : “A literatura religiosa ocupa, nessa e na
próxima geração,” ...
até a p. 217: ...”fundada na idéia de
Aumento da pequena cristandade.”


A religiosidade está sempre presente na temática literária em várias gerações de poetas, principalmente entre o período do reinado de D. João VI no Brasil e os primeiros anos do reinado de D. Pedro I. Candido salienta que a produção religiosa na época foi uma das mais volumosas, entre os autores estão São Carlos, Sousa Caldas, Elói Ottoni e Francisco Ferreira Barreto.


Um momento marcante do Romantismo é o espiritualismo, para Candido “Tanto mais quando os primeiros românticos costumavam apontar São Carlos e Sousa Caldas como precursores, que tinham abandonado a imitação greco-latina a troco de temas e sentimentos que os deslumbravam no Gênio do cristianismo e nos Mártires, de Chateaubriand, nas Meditações e Harmonias, de Lamartine.”


É importante ressaltar o quanto os autores são influenciados na formação do Romantismo, no entanto Candido observa que “não foi propriamente a literatura religiosa do fim deste período condicionou a religiosidade romântica; esta, devida a motivos de ordem histórico-social (renascimento da fé depois da Revolução Francesa (1789) em países que nos inspirariam literalmente: França, Itália) e literária (moda nos mesmos países), foi buscar nos antecessores elementos que reforçassem a sua escolha.” O interessante é que após a Revolução Francesa, os poetas se inspiram na religião para criar uma ideia de satisfação espiritual, assim o apoio de textos de poetas religiosos do início do século XIX influenciaram o que havia por vir no Romantismo.


Outro fator que inspirou a religiosidade nos textos românticos foi o fato do rei D. João VI gostar de sermões, daí Candido afirma que “a coincidência de serem muitos poetas do tempo, eminentes ou não: São Carlos, Sousa Caldas, Januario, Caneca, Ferreira Barreto, Bastos Baraúna etc.


As ideologias francesas dividiam os intelectuais e religiosos. No Brasil, a Revolução Francesa culminou com a Inconfidência. Para Candido, “A Revolução Francesa acentuou essa tendência, assimilando de uma vez por todas os tímidos voltairaenaos cristãos da literatura comum ao ‘inimigos do Trono e do Altar”, expressão que animará toda a idologia reacionária dos países católicos europeus no primeiro terço do século, repercutindo, é claro, nas suas colônias e ex-colônias.”

Na relação entre intelectuais e a beatice, eis que a força religiosa agiu, imprimiu seus ideais e “serviu de amparo às suas dúvidas e à vacilação angustiosa entre as suas idéias e a sociedade retrógrada.” Essa vitória da beatice não encontrou muita reação, dourando até a Independência. Candido acrescenta que “A pesada atmosfera de beatério, contra a qual reagiram poucos (inclusive o nosso Hipólito da Costa), só se descarregaria com o movimento da Independência, quando os sacerdotes patriotas encontraram no civismo um novo meio de manifestar a sua vitalidade.”


É necessário destacar que a tradição literária brasileira se apoiava, mesmo com a forte influência francesa, em gêneros e temas da literatura portuguesa. Candido comenta que “nunca deixou de ser fortemente impregnada na religião. Mesmo o século XVIII, permeado de filosofismo e rebeldias virtuais, foi na literatura comum bastante religioso.” Para Candido, o Caramuru já vimos, é obra essencialmente religiosa, fundada na idéia de “Aumento da pequena cristandade”.

Um comentário:

Base de Pesquisa Formação da Literatura Brasileira disse...

Elizabete Maria álvares dos Santos comenta em 11-6-2011 a leitura de Eldio Pinto da Silva:

Bastante interessante as observações feitas por Eldio, em relação aos
motivos da escolha pelo tema RELIGIÃO, dos escritores da época do reinado
de D. João VI e os dos primeiros anos do reinado de D. Pedro I. A presença
da Corte no Rio de Janeiro, sendo o Rei amante dos sermões e o fato de a
maioria dos poetas da época serem padres são alguns dos motivos dessa
coincidente escolha pelo referido tema, talvez.

Vale salientar que foi no tema religião que muitos escritores encontraram
respaldos e respostas aos seus anseios e inquietudes, sendo somente com a
independência que o civismo veio como um novo meio de manifestar sua
vitalidade.

É sabido também que na literatura portuguesa o tema religião sempre teve
forte influência em seus poetas, não sendo, portanto, diferente na
literatura comum, onde a consolidação do romantismo se dá pela consciência
da nacionalidade, numa busca pela identidade política e cultural através
da devoção espiritual, sendo religiosa, em sua primeira fase.