terça-feira, 19 de abril de 2011

Cássia de Fátima Matos


Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Aldinida Medeiros Souza
Andreia Maria Braz da Silva
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Bethânia Lima Silva






Cássia de Fátima Matos [16-4-2011]



Edição: Ouro sobre azul, 2006.
Capítulo 4 – Sensualidade e naturismo

-da p. 219: “Do amigo do cruíssimo Bocage, junta-se aqui o provável leitor de Parny...”
-até o final do capítulo, p. 221: “como realidade localizada, não construção abstrata, e como presença, não quadro”.

Da parte que Marcos vinha lendo, e que continua aqui nessa que me coube, vale acrescentar o destaque que Antonio Candido dá para o aspecto da ousadia. Candido avalia que Portugal não tinha, digamos assim nas palavras de hoje, as liberalidades que outros países europeus já permitiam. Essa ousadia se reflete nesses arroubos de desejo dos poetas estudados e, como já foi dito, expressos, não raro, sob imagens de gosto duvidoso.

Entretanto, além do que já foi apontado por Marcos e o que corroborei no meu comentário, o que mais interessa aqui nesse capítulo, sob o olhar crítico de Candido, é essa formação do particular. Esse elemento é muito importante, pois será retomado depois pelos românticos de forma mais específica. Essa retomada de elementos pelos românticos me parece um dado fundamental do Formação. É mesmo uma questão de método e sustentação da própria tese do livro, essa relação indo e vindo arcadismo-romantismo.

Esse particular se expressa de forma “definida, datada”, superando a tendência generalizante do neoclassicismo. Para ilustrar, Candido toma um poema de Bonifácio – Uma tarde – , o qual sugere ser “talvez o seu melhor poema” (p. 220) (salvando assim o pobre do patriarca, que já tem sido motivos de tantos risos por causa dos arroubos eróticos voltados à sua Eulina). Elencando outros poemas de Bonifácio e ainda outros de Borges de Barros, o crítico demonstra como eles são pontualmente datados e situados, em lugar específico. Isso demonstra que o poeta começa a fugir da abstração generalizante que buscava “um padrão estético universalmente válido” (p.221). Ou seja, esse sentimento da natureza como “realidade localizada” e como “presença” serão sinais importantes (nativistas) a serem retomados pelos românticos a fim de validar o nacionalismo.

2 comentários:

Base de Pesquisa Formação da Literatura Brasileira disse...

Rosiane comenta Cássia - 28-4-2011:


Cássia dá ênfase ao que Candido nomeia ser subjetivismo naturista que poetas como Sousa Caldas, José Bonifácio, Borges de Barros e Vilela Barbosa manifestam, através de um senso tangível da natureza como paisagem. Inspirados em Thomson, Delille e Bernardin de Saint-Pierre, eles formam a geração fascinada pela aventura da sensibilidade natural e não ideal, ou seja, abstraída apenas de dados sensíveis.

Na trilha de Candido, Cássia argumenta que essa individualização da sensibilidade é definida e datada, a exemplo do que se tem a respeito da ocasião e da data - revelados na página 221, da edição Ouro sobre Azul - em que o poema “Uma tarde”, de José Bonifácio, fora escrito.


Por fim, Cássia apresenta a justificação de Candido sobre a individualização da sensibilidade preparar a interiorização da natureza para o tópos da literatura romântica, no tocante a validação do nacionalismo.

Anônimo disse...

Concordo que o foco principal desse capítulo seja justamente o "subjetivismo naturista" a partir dessa paisagem de "natureza naturada". Mas pontuo algo que achei importante relembrar no capítulo 1: que essa “rotina” futuramente seria rejeitada esteticamente pelos românticos no que toca ao “cânone”, mas esse “naturismo” seria valorizado, o que acaba com nossa visão de "rejeição total" de uma corrente para outra, presente nos livros didáticos ainda utilizados (e, talvez, até recentemente publicados...).

Daniel de Hollanda