sábado, 2 de outubro de 2010

Afonso Henrique Fávero



Aldinida Medeiros Souza
Andreia Maria Braz da Silva
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Bethânia Lima Silva
Carmela Carolina Alves de Carvalho
Cássia de Fátima Matos
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Kalina Naro Guimarães
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Valeska Limeira Azevedo Gomes




Afonso Henrique Fávero [2-10-2010] :


Edição: Martins, 1971

da p. 183: “A sua ideologia (tomada agora a palavra em sentido estritamente marxista)” [...]

até a p. 185: [...] “De troncos, varas ramos, vimes, canas
Formaram, como em quadro, oito cabanas.
(II, 58)”


O interesse do trecho parece repousar na ênfase dada ao caráter religioso de Caramuru, obra entusiasta da intervenção do europeu entre os indígenas, na missão humanista de salvar a alma da “tigrada selvagem” (algo que vem desde a carta de Caminha, por sinal); mas o poema não fica inteiramente infenso ao clima da época na medida em que reconhece, ainda que em poucas passagens, o que pode haver de autêntico no homem natural. E para tanto vincula preceitos bíblicos com fantasia e modos de ser de nossos índios. Consegue assim associar religião e natureza numa época que valorizava razão e natureza.



Quanto aos comentários de Candido sobre o caráter propriamente poético do texto, creio que o melhor que posso sugerir é a leitura do ensaio “Movimento e parada”, dele próprio, texto de abertura do excelente “Na sala de aula” (Ed. Ática, Série Fundamentos). Trata-se de uma abordagem interessada em surpreender as vicissitudes entre violência e brandura no poema, evidenciando no entanto em Durão “um gosto quase alarmante pela morte, o sangue, a ferida, o despedaçamento e o gesto brutal”. Que Stallone, que nada! Que Schwarzenegger, que nada!

Um comentário:

Marcel disse...

O comentário do professor Afonso Fávero assinala aspectos importantes da obra Caramuru, como a associação, até certo ponto inusitada por causa da época de publicação do poema, entre religião e natureza. De modo que fica ao leitor o alerta para as “contradições” presentes no poema de Santa Rita Durão.

A dica do ensaio “Movimento e parada” é interessante, porque o modo como Candido analisa o texto poético é exemplar (a escrita de Candido apresenta uma linguagem clara e consegue abordar pontos relevantes do objeto de estudo) e pode servir de modelo para nossas produções acadêmicas.

Marcel Lúcio