terça-feira, 21 de abril de 2009

Rosanne Bezerra de Araújo [18-4-2009]


Editora Itatiaia, Belo Horizonte, 1993

de p. 85: "Na pedra, quase tanto quanto nos troncos, obrigatórios na convenção
pastoral...”

até p. 88: ..."Cultismo, chega ao neoclássico por uma recuperação do Quinhentismo
português "



Como mostra o título desse capítulo, “no limiar do novo estilo: Cláudio Manuel da Costa”, estamos diante de um poeta de transição, entre o Cultismo e o Arcadismo. Trata-se de um poeta que busca o equilíbrio da colonização em sua poesia, valorizando o brilho de sua natureza local, aliando-o aos traços estéticos europeus.


Seguindo a convenção pastoral, os versos de Cláudio Manuel da Costa (1729-1789) trazem a força do sentimento do Eu lírico ligado à resistência da pedra, do penhasco.

Que inflexível se mostra, que constante
Se vê esse penhasco!


Tais palavras denotam a constância dos seus sentimentos, bem como o seu apego à natureza.


Ao citar alguns versos, Antonio Candido ressalta a importância que o escritor dá a sua terra. Ao contrário de poetas que apresentam cenários com prados e ribeiras, Cláudio Manuel da Costa retrata sua terra fielmente, com montanhas e montes, trazendo os elementos da paisagem mineira para a sua poesia.


Mesmo tendo frequentado a vida social e intelectual da Metrópole, o escritor não perdeu o vínculo com suas raízes interioranas. Tinha consciência de que sua obra, sem ceder aos temas líricos europeus, podia expressar um grande talento quando fosse comparada ao modelo da Metrópole. A consciência de sua origem rústica e brasileira despertou-o para o desenvolvimento de um talento que exprimisse o lado afetivo do Eu lírico, ligado a sua terra natal, à estética da Metrópole. Sua poesia, dividida entre Portugal e Brasil, entre a Metrópole e a Colônia, expõe um Eu fixado à terra, em meio aos problemas da sociedade.


Se o Brasil enquanto Colônia sofria a ação da influência de idéias externas sobre a cultura e a sociedade, naturalmente, o mesmo ocorria com a arte. Ciente disso, ainda que influenciado pelo modelo da Metrópole, onde havia estudado, Cláudio Manuel buscava uma identidade literária, unindo o saber intelectual adquirido ao instinto de rusticidade.


Sabemos que a cultura/literatura no Brasil foi-nos imposta, constituindo um produto da colonização. No entanto, não somos fadados a representar um galho secundário da literatura da Metrópole. Há, sim, momentos decisivos na história da literatura brasileira, como mostra Antonio Candido ao destacar o novo estilo de Cláudio Manuel da Costa. Mesmo formado em solo europeu, o poeta procurou salvar a literatura brasileira do rótulo de subliteratura, subproduto, repleta de lugares-comuns. Ele buscou trabalhar sua visão para melhor apreender sua terra: Minas Gerais.

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