Edlena da Silva
Pinheiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da
Silva
Elizabete Maria
Álvares dos Santos
Érika
Bezerra Cruz de Macedo
Francisco Roberto
Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças
Oliveira
Joana Leopoldina
de Melo Oliveira
Juliana Fernandes
Ribeiro Dantas
Kalina Naro
Guimarães
Kalina Alessandra
Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Manoel Freire
Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio
Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero
Falleiros
Marcus Vinicius
Mazzari
Maria Aparecida da
Costa
Maria do Perpétuo
Socorro Guterres de Souza
Maria Valeska
Rocha da Silva
Massimo Pinna
Paulo Caldas Neto
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Terezinha Marta de
Paula Peres
Adriana Vieira de
Sena
Afonso Henrique
Fávero
Antônio Fernandes
de Medeiros Jr
Bethânia Lima
Silva
Edlena da Silva
Pinheiro [01-09-2018]
Edição: Martins,
1971, VOL.2:
da p. 220 – no
visor p. PDF: p. 529: [início do capítulo]
"3 Os Três Alencares ” [...]
até a p. 222
– no visor p. PDF: p. 533 [...] “necessário, da verossimilhança
literária.”
Os três
Alencares
José de Alencar escreveu romances em duas fases
de influências. Primeiro, durante a adolescência, sofre influência de autores
franceses como Dumas, Balzac, Victor Hugo. Mais tarde aos dezoito anos,
viajando pelo Ceará, sente o desejo de enfocar a própria terra. Sua estreia aos
27 anos foi com Cinco minutos, publicado
em folhetins no Correio Mercantil, assim
como O guarani, publicado em três
meses no ano de 1857. Antonio Candido observa que toda a obra de Alencar guia-se
por duas posições iniciais: a complication sentimentale, como em Lucíola,
e a idealização heroica, como em O
guarani.
No período de 1857 a 1860, Alencar dedica-se ao
teatro e somente em 1862, ao romance, com a publicação de Lucíola, onde se nota a influência teatral nos diálogos firmes, na
representação de situações reais e nos conflitos psicológicos. Candido define Lucíola como um dos romances excelentes
de Alencar. As minas de prata (1864
-1865) se destacam pela capacidade de fabulação e segurança narrativa que até
hoje prendem o leitor. Iracema (1865)
é o exemplo de perfeita prosa poética no romance, pois integra expressão
literária com evocação plástica e musical.
Após 1870, sua produção torna-se profícua: Alencar
publica doze romances em seis anos, incentivado pelo contrato com a Livraria
Garnier. Nesse período procura com sua obra dar uma ideia de levantamento do
Brasil através do regionalismo de O gaúcho
(1870) e O sertanejo (1875). Os seus romances
da burguesia carioca são A pata da gazela
(1870), Sonhos d´ouro (1872), e Senhora (1875), este último se destaca
pelo excelente estudo psicológico. A guerra dos mascates (1870) é o seu
romance histórico e documental com alusões ao Império. Os romances O garatuja, O ermitão da Glória e Alma de Lázaro (1873) baseiam-se nas
tradições do Rio. O tronco do ipê e Til
(1872) são os seus romances de descrição da vida rural. Ubirajara (1874) traz de volta o Indianismo, mas com reconstituição
etnográfica mais erudita em resposta às críticas de Franklin Távora.
Antonio Candido recomenda a leitura de todos os
vinte e um romances do romancista cearense, pois nenhum pode ser classificado
como péssimo. No entanto, o destaque do crítico frisa Lucíola, Iracema e Senhora,
recomendando, pela força criadora dos três, leituras e releituras. Quanto a tais escolhas, Candido observa que
existem dois Alencares: o Alencar dos rapazes, heroico a altissonante; e o
Alencar das mocinhas, gracioso ou trágico.
A obra de José de Alencar na nossa literatura
representa também o aparecimento do herói: Peri, Ubirajara, Estácio Correia,
Manuel Canho, Arnaldo Louredo são o
ideal de heroísmo e utopia em uma sociedade mal
organizada, com crescentes lutas políticas e revoluções sangrentas. O herói imaculado diante da realidade difícil
corresponde à necessidade de eternizar seus romances aos leitores. Alencar exprime assim uma fuga do real. Nos
seus romances heroicos a vida é subordinada a personalidades inflexíveis, sem
medo ou dúvidas, sem maus desejos ou qualquer ato degradante, configurando uma
vida aplainada para o herói seguir até o fim. O antagonismo faz parte de um jogo apenas
aparente e a luta é combinada, pois o herói vence sempre. Para Antonio Candido,
o romancista Alencar recorta a vida de forma idealizada, onde tudo é possível,
com um fio muito tênue entre a vida real e a verossimilhança literária.