Jackeline
Rebouças Oliveira
Joana
Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana
Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina
Naro Guimarães
Kalina
Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís
Rocha de Lima
Mácio
Alves de Medeiros
Manoel
Freire Rodrigues
Marcela
Ribeiro
Marcel
Lúcio Matias Ribeiro
Marcos
Falchero Falleiros
Marcus
Vinicius Mazzari
Maria
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Peterson
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Terezinha
Marta de Paula Peres
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Vieira de Sena
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Henrique Fávero
Antônio
Fernandes de Medeiros Jr
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Lima Silva
Edlena
da Silva Pinheiro
Eldio
Pinto da Silva
Francisco
Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio
de Marchis
Érika
Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline
Rebouças Oliveira [03-04-2021]
Edição: Itatiaia, 2000, VOL.2:
da
p. pdf do visor: p. 659 : “É
interessante notar” [...]
até a p. pdf do
visor: p. 661 :
[...] " e do semelhante. "
As Cartas de Távora
Candido
observa que, nas cartas de Távora, os argumentos são semelhantes aos que “Ig”,
Alencar, usou para criticar Magalhães. Do mesmo modo como Alencar fizera com Magalhães, Távora acusa
o escritor por não ter cumprido o programa a que se propusera, já que seus
romances fogem da realidade nacional. Ou seja, segundo Távora, Alencar não
recorre plenamente à realidade brasileira. Nos artigos que escreve sobre Iracema, Távora acusa Alencar de ter abusado
da imaginação, tendo incorrido em diversos erros históricos, em fantasias
sintáticas e impropriedades etnográficas. Para Távora, Alencar trai a realidade
cultural por não ter observado as regiões e os tipos humanos, não sendo,
portanto, fiel à visão tradicional de romance da época. Como Alencar também fez
com Magalhães, Franklin Távora critica o cearense apoiando-se em autores... estrangeiros,
norte-americanos, como Cooper e outros, para propor que se faça uma ficção sem
trair a realidade.
Segundo
Candido, foram os ataques feitos a Alencar o gatilho que o motivou a refletir sobre o
sentido da própria obra, e, a partir daí, procurou soluções para não ficar
restrito ao valor nacional. Assim, no prefácio a Sonhos d’Ouro, Alencar reconhece que a literatura pitoresca, mesmo
sendo a mais característica das condições locais, não é uma única via. Candido
nos mostra que nesse prefácio o escritor reafirma que uma obra literária já é
em grande parte posterior à experiência e à forma que integram a literatura
nacional. Assim, Candido constata que Alencar não traíra o verdadeiro sentido
de sua tarefa, mesmo quando, nos seus primórdios, a praticara sem consciência
nítida.
No
prefácio a Sonhos d’Ouro, nota-se que
Alencar reconhece a importância das pesquisas do romance, que, liberto do
pitoresco, traz à tona o humano social e psicológico. Para ele, trata-se de
trazer para as obras o aspecto humano que nos toca de perto e nos envolve com
sua sensibilidade e com seus problemas. Em consonância com essa concepção,
Candido afirma que o escritor deve “descrever e analisar vários aspectos de uma
sociedade, no tempo, e no espaço, exprimindo a sua luta pela autodefinição
nacional”. Assim, nesse ponto já avançado de sua obra, José de Alencar define
três modalidades de tema no romance brasileiro, que correspondem a três momentos
de evolução social: a vida do primitivo, a sociedade contemporânea e a vida tradicional das zonas rurais.
Argumentando
a favor de Alencar e possivelmente por decorrência de seu prefácio de 1872,
Machado de Assis escreve em 1873 o artigo “Instinto de Nacionalidade”, onde
aponta o desenvolvimento do tema de Alencar e a superação de suas concepções em artigos anteriores. Assim, Machado de Assis defende que o escritor
deve se embasar nos assuntos da própria terra, mas não no sentido de uma norma
literal, pois isso empobreceria a literatura: “O que se deve exigir do escritor,
antes de tudo, é certo sentimento íntimo, que o torne homem do seu tempo e do
seu país, ainda quando trate de assuntos remotos no tempo e no espaço”.
Por
fim, Antonio Candido aponta que as palavras de Machado de Assis exprimem um
ponto de maturidade da crítica romântica: a consciência real que o romantismo adquiriu
do seu significado histórico. São, portanto, palavras adequadas para encerrar Formação da literatura brasileira, uma
vez que o objetivo desta obra foi descrever o processo por meio do qual os
brasileiros tomaram consciência da sua existência espiritual e social. Desse
modo, foi combinando os valores universais com a realidade local que esses
escritores ganharam o direito de exprimir o seu sonho, a sua dor, o seu júbilo,
a sua modesta visão das coisas e do semelhante.