sábado, 12 de setembro de 2015





Kalina Naro Guimarães






Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Paulo Caldas Neto
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais

Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas







Kalina Naro Guimarães [12-09-2015]



Edição: Martins, 1971, VOL.2:
da p. 90: [PDF-+-p. 409] “O mais belo é, porém, ‘O Mar’, onde o movimento das vagas      
                                              é afinal ”[...]
até a p. 92 : [PDF-+-p. 411]  [...] “Também meu coração, como estas flores
                                                      Melhor perfume ao pé da noite exala!”



Seguindo na apreciação da obra de Gonçalves Dias, Antonio Candido comenta o poema “O mar”, exemplo exitoso da expressão que alça a natureza à condição de espaço onde a vida interior do sujeito lírico pode ser pressentida e revelada. Conforme o crítico, o mar, inicialmente apresentado por imagens que denotam sua força e fúria, é, afinal, domado pela  morte, lugar que, abrigando o transcendente, reveste o morto de uma força que supera a grandeza das águas. Tais sugestões, como acentua Candido, são poeticamente organizadas por meio de uma plasticidade e musicalidade coerente à representação de mundo construída.

Tal capacidade poética manifesta-se na minoria de sua obra. Nesta, inscreve-se uma obra-prima, “Leito de folhas verdes”, poema que, a partir de detalhes e sugestões do ambiente, materializa a angústia da espera e a decepção da mulher indígena, que aguarda, inutilmente, a presença do amado.  O crítico ressalta a relação entre a aflição da índia e o imperceptível fluir do tempo, no qual se materializa a expectativa que, no final do poema, será frustrada. A passagem da euforia com a possibilidade do encontro amoroso à dor de constatar o abandono, da espera desejada à decepção final, pode ser acompanhada, segundo Candido, pela transformação do quadro natural, que muda com o passar das horas, adquirindo uma feição diferente daquela que foi situada no início do poema.

Na visão de Candido, o poema é composto por duplo movimento: a coerência, no universo poético, entre os detalhes da natureza e a expressão psicológica; e a combinação com o discurso amoroso, integrado à figuração de imagens naturais.

Por fim, é comparado o sentido do termo “folhas”, em três momentos do poema (primeira, segunda e nona estrofes). A partir disso, Candido constata a variação semântica deste termo, concluindo que sua ocorrência acompanha a subjetividade da personagem, revelando-a. Tal movimento pode ser aferido observando outros vocábulos do poema: tamarindo, bogari, flor, exalar. Portanto, a partir da observação da linguagem, do modo como o poeta organiza e nomeia a experiência, Candido nos traz elementos para compreender o universo interior da índia, cujo corpo se faz palpável na expressão gonçalvina.